sábado, 23 de fevereiro de 2008

Única coisa que espero no amor: NOSTALGIA

NÃO DESEJO passado, ele me condena a um encontro nada-afável. Entro pela porta reta - nada se abre, nem ao menos à saudade de sentir por um alguém. Queria, ainda quero, um amor recíproco, onde ambos consigam chorar na primeira madrugada cheirosa que já existiu. Conhecer o pesado e saber como voltar. Descobrir que os Homens não são ruins. Pertencer ao um ciclo severo. Em meio a esses obstáculos, não irá ter desordem entre nós.
Minha família - veja seu filho casado e não sentindo nenhuma saudade de sua mulher. Eu a amo, para meus pais – isso já basta – pra mim não. Não quero amor: Maduro, para sempre, até logo, eu te amo.
Ficarmos longe por meses, talvez anos, ou simplesmente vermos todos os dias. Nesses dias haja – Nostalgia. Eu penso, eu quero, eu preciso, eu necessito. Eu apenas quero um amor Nostálgico.

(Valdinei Queiroz)

terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

Se eu não disse que penso, não volto para casa de meus tios

CAMINHADA POR RONDÔNIA – eu disse. Virada Paulista no interior de São Paulo – eu disse. Uma companhia agradável no próximo fim de semana – eu disse. A periodicidade de um carnaval com mais harmonia – eu disse. Razão por estar aqui – eu disse. Responsável por feitos e dinastias – eu disse. Maria, minha Mãe querida – eu disse. Apesar de que meu filho ainda nasceu, mas eu o amo – eu disse. Tatuagens, mentiras, um menino com fralda – eu disse. Meu amor, eu te amo – eu disse.
Eu disse – ninguém há de matar um ente meu. Eu disse – compaixão, viva o desencontro encontrado. Eu disse - tantas coisas que ainda nem lembro do próximo pensamento. Eu disse - Eu disse tantas coisas que até hoje ouço você dizer: - Eu disse.

(Valdinei Queiroz)

domingo, 17 de fevereiro de 2008

fazer-se de calos do tempo

De seu ventre nasceram três. Valentina, nascida de valentia, carregava as três estrelas de Maria, que do céu só viram as cores bem mais tarde pela janela, à beira da pia. No caminho só a passagem, comprovante de estar sozinha por mais um mês à segurar o telhado com as pontas dos dedos, ao mesmo tempo que entregava à mamadeira a três dentro do berço, fora do espaço do quarto, ocupado pelas pilhas de cadernos jogados pelos cantos há tempos. O que mais ela queria era que o caminho desviasse da cozinha, e fosse dar em algum lugar onde a luz não parte de tomada. Valentina viu desde cedo sua chama virar cinza. Entre as quatro paredes, ouvia de seu pai todo dia a mesma frase, onde está aquela puta vadia. Lembrou que mãe se perdia, a sua da janela fez ponto de partida, o que na verdade, era mais fim que começo. De qualquer jeito, ali ficou Valentina. Em descaso com o tempo, que foi veloz e tirou-lhe qualquer jeito de estar na rua, encontrar e ver qualquer movimento que não fossem marcas de pés sujos no tapete que lavaria logo após o meio dia. No futuro, era mais passado que havia. Mas das marcas fez linhas para completar os traços que indicavam outro lugar. Valentina segue fria fora ao portão. Dizia, aos gritos, aos berros, que outro caminho havia. Ninguém escutou. Decidiu seguir sozinha. Largou três na esquina, com a esperança e sorte alguma que havia de que a vizinha deixasse sua casa por um instante, naquele dia, e jogasse as crianças em um caminho menos traiçoeiro do que via em família. Os caminhos são círculos minha menina, mas quem puxa a linha e desfaz é você, dizia o pregador na primeira praça, sentado ao lado da caixa de sapato, único bem, do bem que fez ao pregar uma frase à valentia, nascida em corpo e esquecida em mente de fazer-se.
Tatiana Plens.

um pouco de calma;

Pequena criança selvagem, sem rumo, ganhou vida por entre as grades do portão. De onde crescem flores, que primam por sobrevivência, e lutam. Com o sangue que ficou preso pelas grades, na passagem do jardim. Saímos ilesos, saímos em parte, deixamos quebrados, no espaço, os pedaços, do que faz parte e forma o que pode ser. E nada mais do que pode ser, pois nada é...
Pequena criança, que corre pelo pátio, mesmo presa, e tenta qualquer forma de fuga. Do que está mais dentro do que fora dos portões. No decorrer, o que nasce morto, ganhou vida com outros. Mas o tempo tomou-lhe até os traços dos rostos, em lembrança. Até o que está em branco, pede por sobrevivência. Escorre sangue pelo pequeno corpo que perdeu a luta por sobreviver. As rosas ficaram presas sob as grades do jardim. Há quem esteja de olho do lado de fora, vejo lobos e eles procuram carniça.
Tatiana Plens.

sábado, 9 de fevereiro de 2008

Um governo sem garagem

A AMARGURA vontade de entrar nas duas garagens do suicídio e dizer: “Sou a calada, sou um povo que sofre, me empenho a vocês”. Não iria adiantar de nada todo esse discurso. Seria uma corrente vazia, um indivíduo querendo mudar o mundo, essa hipótese lembra Maquiavel, ele diz que pra conquistar o poder é preciso ter sorte também. A realidade do nosso povo, não entender o que acontece numa garagem, talvez numa casa.
Mudança em cada quatro anos, uns saem, outros ficam, àquele carro que conhece a maciota das ruas ficam por resto da vida. Esse lugar não parece ser familiar, o povo tenta entender o que lá acontece, o frio inunda as laterais, o medo corre solto no divã do acelerador, e o porão esconde até a alma mais varrida.
Tenho uma nova ordem, preciso que alguém garante que irá dá certo, exponho minha idéia à garagem, ela irá defender à nação, contra tudo.
Se o poder é objetivo de qualquer local que há mais de 500 m², o visitante não conseguirá tirar o carro da garagem.


(Valdinei Queiroz)

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

um pouco da alma;

Em frente à salada, da sacada da sala de jantar, se jogou do prédio! Mas olha a hora, minha gente, nem é hora da novela. Ninguém acreditou! Maria correu aos prantos ao colo de Maria José, e lá ficou, porque do espelho vive a fé, Maria, sem fogão e sem pia. Era tudo que queria, um espaço à menos na mesa na manhã, que na hora é quem lhe faz companhia, porque na xícara não há nem água pro café. Só, percebeu, que nessa vida, estamos todos a pé. E tem gente que vive de luz, e pensa que é deus. Nasceu de presa, virou empresa. No mínimo é rei quem vive onde não se é nem plano. Onde não há plano! Onde o plano não quer chegar! Então escarro na boca do palhaço que vier me dizer que João não era ninguém. Era mais um dos planos de quem quer plano de vôo para onde o dinheiro quiser alcançar. Fica sem trajeto quem não tem nem teto ou chão pra pisar. Se pendura no teto, que o concreto, todo o espaço há de alcançar. Mas desliga a hora, que amanhã você tem que trabalhar. João nunca comeu na vida, mas a vida comeu João. Mas ainda há esperança - há flores que brotam do concreto.
Tatiana Plens.