quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

um pouco da alma;

Em frente à salada, da sacada da sala de jantar, se jogou do prédio! Mas olha a hora, minha gente, nem é hora da novela. Ninguém acreditou! Maria correu aos prantos ao colo de Maria José, e lá ficou, porque do espelho vive a fé, Maria, sem fogão e sem pia. Era tudo que queria, um espaço à menos na mesa na manhã, que na hora é quem lhe faz companhia, porque na xícara não há nem água pro café. Só, percebeu, que nessa vida, estamos todos a pé. E tem gente que vive de luz, e pensa que é deus. Nasceu de presa, virou empresa. No mínimo é rei quem vive onde não se é nem plano. Onde não há plano! Onde o plano não quer chegar! Então escarro na boca do palhaço que vier me dizer que João não era ninguém. Era mais um dos planos de quem quer plano de vôo para onde o dinheiro quiser alcançar. Fica sem trajeto quem não tem nem teto ou chão pra pisar. Se pendura no teto, que o concreto, todo o espaço há de alcançar. Mas desliga a hora, que amanhã você tem que trabalhar. João nunca comeu na vida, mas a vida comeu João. Mas ainda há esperança - há flores que brotam do concreto.
Tatiana Plens.

3 comentários:

Unknown disse...

vão se fuder, vamo que vamo!
ferraz

Unknown disse...

é como um cubo mágico, aqueles de ficar mechendo até encaixar as cores, um texto cubista, com certeza posso dizer que fez minha cabeça girar e contemplar cada canto enquanto lia...

Fernando S. Trevisan disse...

Há, sim, flores E concreto. As duas juntas são raras. João era ninguém, é claro, isso é tão importante quanto a tua violência e atitude no texto.

Nasceu presa ou pressa? Virou empresa ou foi a empresa que virou ele?

Talvez, apenas talvez, melhor que pressuposto seja o inimaginável, inesperado.